A famosa peça em que Bertold Brecht analisou alegoricamente a crise econômica de 1929 através da vida de uma certa Joana Dark, a Santa Joana dos Matadouros. A peça conta a trajetória de Joana: da evolução de sua consciência ingênua à consciência crítica, por meio de descidas ao inferno e de sua ascensão, numa espécie de percurso de martírio e conhecimento. O que a peça de Brecht, escrita entre 1929 e 1931, no intervalo entre as duas Grandes Guerras, ainda tem a nos dizer?
Há alguns meses, o grupo de trabalho formado pela diretora e atores da peça vem se reunindo para estudar, ler e discutir o texto e pesquisadores como Walter Benjamin, Georges Didi-Huberman e a dramaturgia de Heiner Müller.
O protagonismo da cena está no coro de multidões, que será formado por grupos de teatro e dança de zonas periféricas e heterogêneas da cidade, em processo de residência artística.
A noção de montagem – como procedimento formal de desmonte, decupagem e colagem – guiará o processo de criação da cena. E é Brecht que dá essa “pista” ao utilizar um conjunto de materiais heterogêneos em seu texto, tais como: a referência ao teatro barroco, ao drama de mistérios medievais, o uso da escrita na cena, a referência à escritura cinematográfica entre outros recursos ditos à época “alheios” ao teatro. Essa interposição de materialidades diferentes é o cerne dessa proposta de montagem. Artes visuais, drama, música, cinema se interpenetram de modo a problematizar na encenação as fronteiras entre os gêneros – outra questão já posta pelo dramaturgo alemão, relegado a um lugar de “teatro político”.
Texto: Bertolt Brecht | Adaptação: Diogo Liberano, Marina Vianna e Valeria Campos | Direção: Diogo Liberano, Marina Vianna e Valeria Campos | Elenco: Adassa Martins, Ademir de Souza, Arthur Braganti, Caroline Helena Cantidio, Diogo Liberano, Fabrício Belsoff, Flavia Naves, Guida Vianna, Kiko Mascarenhas, Leonardo Netto, Luisa Arraes, Maria Assunção Natássia Vello, Orã Figueiredo 4 Sávio Moll
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