TRADUZIR

TEMPO.DESIGN.OUTDOOR

Todas às vezes que falo sobre o TEMPO, me vem à memória um trava-língua famoso de quando eu era criança: “O TEMPO perguntou para o TEMPO quanto TEMPO o TEMPO tem. O TEMPO respondeu para o TEMPO, que o TEMPO tem tanto TEMPO quanto TEMPO o TEMPO tem”. Trago comigo esse resquício de infância, com a dificuldade que ele traz ao ser articulado, mas sabendo que é, talvez, de profunda sabedoria. Não temos como controlar o TEMPO. Ele passa por nossas vidas, e, ao mesmo TEMPO permanece conosco, é nosso. Ou seja, de algum modo temos, sim, as rédeas do nosso próprio TEMPO. Na profissão de designer ele é um aliado, ou um inimigo. Para aqueles que trabalham em escritórios, temos o TEMPO de trabalho, o TEMPO do patrão e o TEMPO da produção, viramos noites, deixamos de almoçar, temos a sensação de que, de algum modo, o TEMPO é contado, certo. Quando somos freelancers, somos donos do TEMPO, não temos regras, somente a data final de entrega do trabalho. O TEMPO é  tão livre que muitas vezes nos perdemos, com esse todo que está em nossas mãos, a percepção de que o cliente só quer ver o resultado na data pedida, o resto cabe a nós e ao nosso TEMPO. Planejamentos, planilhas, despertador: criamos artifícios para ter a noção do controle absoluto. E não temos. Inegável é sua passagem inexorável, de que captamos sutis provas no nosso cotidiano, no corpo, nas roupas, na paisagem urbana em contínuo movimento, tal como é captada neste fragmento de texto de Jorge Luis Borges em seu conto O Aleph :“observei que os painéis de ferro da praça Constitución tinham renovado não sei que anúncio de cigarros”.

Categorias: Blog. Tags: Design, Simultaneo e TEMPO.