A performatividade tem se confirmado cada vez mais característica do teatro contemporâneo, explorando a intersecção entre as linguagens artísticas, como meio de construção de uma obra. Para tanto, é preciso provocar certo deslocamento à narrativa para se manter coerente aos materiais utilizados e às personagens. Sobretudo às históricas. É o caso de Rosa Luxemburgo, filósofa polonesa contrária à Primeira Guerra, morta violentamente, durante a revolução alemã, após passar anos presa. Suas cartas expuseram mais do que suas condições e sobrevivência. Apresentaram uma mulher complexa, apaixonada, militante e intelectualizada. Rózà dialoga com tudo isso, unindo em uma instalação cênica música, palavra, vídeo e presença.
O espetáculo aproxima os tempos e as histórias e esbarra no imaginário confuso de nossa atualidade, quando a estetização espetacular tomou parte dos argumentos e desconfigurou seu reconhecimento. Por isso, provocá-lo tornou-se essencial à sensibilização, sem recorrer à negação ao espetacular, ao performativo, assumindo-os como vocabulários já estabelecidos. Passou um século, desde a guerra. Mas as pessoas, ao contrário do que se quer acreditar, não são ainda tão diferentes. E falta muito, sobretudo à capacidade do homem em compreender que as pessoas são iguais, independentemente de suas crenças, origens e gêneros. Um luta em aberto, é fato. Mas, com Rózà, um pouco mais provocada aos esclarecimentos.
Rózà é um encontro de artistas multidisciplinares. Idealizado Martha Kiss Perrone e codirigido por Joana Levi, o espetáculo reúne as experiências de Martha no Théâtre du Soleil e a pesquisa de Joana na criação de projetos transdisciplinares. Somam-se, ainda, Lucia Bronstein, formada em Cênica e Comunicação Audivisual, e Lowri Evan, artista plástica, perfomer e musicista.