Ato e Efeito
Rafael Teixeira, Fernando Neumayer e Luís Martino
Rio de Janeiro – Brasil
vídeos – teatro
O efêmero faz parte da experiência teatral, restando como registro mais as sensações do que propriamente seu processo ou apresentação. No entanto, aquilo que poderia se perder, pode e precisa ser preservado. Para tanto, o projeto Ato e Efeito convidou diversos artistas para leituras dramatizadas de personagens expressivos que tenham interpretado, e os registrou em vídeos. Com o texto em mãos, sozinhos, sobre um palco nu, emoldurado por uma luz básica, o resultado proporciona um olhar diferente à dramaturgia, que não o da leitura e o da encenação. Assim, do ato, surge, então, o efeito. Cada registro foi realizado em um palco carioca diferente, ampliando, também, para uma espécie de cartografia dos espaços simbólicos da cidade.
Rafael Teixeira, repórter e crítico de teatro, atualmente da revista Veja Rio, se juntou ao jornalista Fernando Neumayer e ao “filmmaker” Luís Martino – os dois últimos sendo criadores do tocavideos, produtora de conteúdo audiovisual, na ativa desde 2011.
Idealização: Rafael Teixeira
Realização; Rafael Teixeira, Fernando Neumayer e Luís Martinho
Atores convidados e espetáculos: Amanda Mirasci (Uma Vida Boa), Charles Fricks (O Filho Eterno), Debora Lamm (Os Mamutes), Gregorio Duvivier (Uma Noite na Lua), Gustavo Gasparani (Ricardo III), Leonardo Netto (Conselho de Classe) e Michel Blois (Adorável Garoto).
Espaços: Centro Cultural Municipal Parque das Ruínas, em Santa Teresa; Espaço Sesc, em Copacabana; Oi Futuro, no Flamengo; Teatro Dulcina, na Cinelândia; Teatro Maison de France, no Centro; Teatro Oi Casa Grande, no Leblon; Solar de Botafogo.
Registros de Cena
Sarah Dugrip e Eloide Lacaze
França
Ilustração
Como dar conta daquilo que se enxerga ao assistir um espetáculo? A resposta é sempre individual e responde mais à percepção de mundo do indivíduo do que ao trabalho em si. Na especificidade de cada um, alguns apenas observam e reservam para si, muitos sentem a necessidade de falar, alguns de escrever. E existem, ainda, aqueles que se utilizam da criação para dialogar com a obra. É o caso de Sarah Dugrip e ElodIe Lacaze. Durante o TEMPO_FESTIVAL, atravessarão alguns espetáculos transformando suas observações em ilustrações.
Eloide Lacaze possui uma vasta formação acadêmica e desenvolve trabalhos de design, editorial e ilustração também com aproximações a ações sociais. Já Sarah Dugrip trabalha nos últimos quinze anos no que denomina “croquis ao vivo”, elaborando cadernos de viagens, onde registra o cotidiano e espetáculos.
A distância entre dois trópicos | Processo
Bianca Joy, Carolina Bianchi, Nanda Félix, Vitor Paiva
Rio de Janeiro – Brasil
teatro
A DISTÂNCIA ENTRE DOIS TRÓPICOS
O conhecimento sobre si mesmo implica em investigação e exposição. O mesmo serve à arte. Utilizando-se de elementos documentais ficcionais, como cartas, diários, fotografias, vídeos, postais e telegramas, B., personagem central da narrativa, traz a história de sua mãe, atriz como ela, a quem teria sido negado o papel principal em um filme de Phillipe Kauffman, na década de 1990. A proposta traz ao público o processo aberto de construção do espetáculo, pelos quais se investiga estratégias da escrita contemporânea como o uso de autobiografia e auto-ficção. Ao fim, questões sobre a relação da memória, relatos do “eu”, a percepção de sujeito e a dimensão de pertencimento ao tempo podem surgir ao espectador como estímulo ao diálogo com os artistas. Em uma camada mais profunda, ainda, a relação entre Anaïs Nin e Henry Müller, presente no filme Henry e June, de Kauffman, e o quanto o exercício da atuação se coloca em validade e limites.
O projeto nasceu do encontro dos artistas Bianca Joy, Nanda Félix, Vitor Paiva e Carolina Bianchi. Vitor, Bianca e Nanda já trabalharam juntos em outras produções, como por exemplo o espetáculo Fragmentos e Obscena, e sentiam o desejo de continuar a pesquisa de criação coletiva. Os três artistas convidaram para esse processo a também parceira de longa data, Carolina Bianchi, atriz e diretora da Cia dos Outros (SP).
Dramatis Personae | Processo
Alan Castelo – Díspare Companhia
Rio de Janeiro – Brasil
teatro
Tratar a realidade como ficção tornou-se mecanismo para escapar ao peso do real. Significa que, se muito for substituído, pode-se chegar ao extremo de perder-se o contato com a própria realidade, que passará a ser vivenciada apenas por mediações controladas. E nenhuma realidade é plausível de qualquer tipo de controle. Dramatis Personae, do peruano Gonzalo Rodríguez Risco, cria a alegoria de três escritores em um apartamento destruído pela explosão de um carro bomba nas proximidades, enquanto tentam dar conta de escrever seus próximos livros. Mas, para tanto, a realidade do Peru, que sucumbe em uma guerra interna entre grupos terroristas e o governo, impõe-lhes a necessidade de escapar dos acontecimentos da última década e seu estado crítico. O espetáculo é uma parceria entre Díspare Companhia e Ånimå Theåtrum e integra o projeto Fronteiras Dramatúrgicas Latino-Americanas, cujo interesse é apresentar e realizar obras latinas no Brasil.
Gonzalo Rodríguez Risco é autor e roteirista peruano, com ampla produção em teatro e cinema. Allan Castelo, ator, diretor e dramaturgo, participou da companhia Os Fodidos e Privilegiados, e hoje reside em Paris, onde, com a Ånimå Theåtrum, desenvolve espetáculos e atividades socioeducativas. No elenco estão os atores da Díspare Companhia.
Mamãe | Processo
Álamo Facó
Rio de Janeiro – Brasil
teatro
Lidar com a morte, ainda que um processo inevitável, nunca é tão simples como poderia. Sobretudo quando é sobre outro, alguém amado e próximo. Em 2010, Marpe Facó, mãe de Álamo, autor do espetáculo, descobriu um tumor no cérebro, falecendo pouco tempo depois. Não se atendo a uma realidade documental, a peça aborda os tabus sobre morte e variações do consciente, dando voz à Marta, que, perdendo suas faculdades mentais, começa a expandir sua consciência a limites inesperados. Ao falar sobre a perda, o autor traz para seu próprio tempo a reflexão, mais pela condição imediata do que somente uma opção. Assim, deixa de ser apenas sobre Marta e passa a expandir a experiência também aos espectadores.
Álamo Facó, autor dos espetáculos “Talvez” e “Cosmocartas”, tem apresentado suas obras em diversos países, como Inglaterra, Escócia, Alemanha, Holanda, Portugal, Chile e Argentina. “Mamãe”, seu trabalho mais recente, surge como resposta a uma investigação de quatro anos sobre o universo da morte.
zíper, A FESTA | espetáculo
Coletivo Mastruço
Rio de Janeiro – Brasil
performance – teatro
ZÍPER, A FESTA
Festejar. Encontrar-se com o outro em comemoração a algo ou alguém. A festa é, sobretudo, a escolha por fazer do encontro um acontecimento, algo especial e único. Sendo assim, festejar é um estado maior de reconhecimento da participatividade e pertencimento sócio-cultural. O Coletivo Mastruço traz ao TEMPO_FESTIVAL sua festa e convida a todos. A festa é uma peça. Um sistema aberto onde cada ator cumpre sua trajetória revelando, aos poucos, intimidades na fissura entre o público e o privado. Íntimo significa ‘o que há de mais profundo numa coisa, em nós mesmos’. Cheiros, memórias, resíduos, vontades. Zíper é o pornográfico, o escatológico, o quarto escuro que há em nós. Um espetáculo em movimento. Um jogo entre entrega e controle, palavra e imagem, dentro e fora.
Sonho alterosa em processo | Processo
Caio Riscado
Rio de Janeiro – Brasil
performance – vídeos
SONHO ALTEROSA
Desde a infância somos conduzidos a acreditar em contos de fadas. O problema não é o imaginário em si, mas as deformações acumuladas na construção da identidade, quando apenas os contos permeiam o amadurecimento da primeira infância. Desconstruir isso demanda primeiro reconhecer sua influência simbólica, depois, também, quebrar seus encantamentos. A partir dessas vontades, Caio Riscado investiga os limites borrados pelo tensionamento que emerge do encontro entre a ambiência dos contos de fada e a imagem da transidentidade. Através de uma performance qual denomina por investigação cênico-científica-performativa-bizarra, ele se apresentar como princesa para desconstrói a ideia de “final feliz” e, assim, fazer as pazes com o seu sonho infantil.
Doutorando em Performance, Caio Riscado é diretor teatral, artista pesquisador e professor, além de ser membro fundador do núcleo de pesquisa continuado em artes, Miúda. Nos últimos anos, desenvolveu diversos trabalhos em teatro e performance.
Tundra | Processo
Antônio Guedex
Rio de Janeiro – Brasil
teatro – vídeos
Muito se discute, na atualidade, sobre a virtualização do real versus a realidade do universo virtual. Pensadores de ambos os argumentos entram em conflito com os próprios dizeres, pois, cada vez, parece que ambas as condições se fundem e se tornam apenas uma. Mais do que novos comportamentos, a interferência da virtualização sobre o cotidiano gerou outras possibilidades estéticas e, dentre elas, a reinterpretação da nossa própria identidade, como algo construído e planejado imageticamente ao outro. Esses estímulos paradoxais levaram à criação do espetáculo Tundra. Ao apagar seu perfil virtual, Eva começa também a sumir fisicamente. E, ao tentar retornar à Máquina, o sistema onde a realidade virtual se faz completo, descobre não ser mais possível. A performance ocorre em um ambiente plástico e sensorial, negro e metálico, representando a Máquina, incluindo sobre o espaço projeções dos atores e espectadores, ampliando a experiência a ambos.