Ainda não tinha postado nesse blog, por absoluta falta de tempo – fato que, em si, já daria um longo post. Esse é, então, meu primeiro texto entre tantos tão legais. Por ser um escrito pós-festival, ao menos se considerarmos o calendário cristão e a sucessão linear das horas, me sinto impelida a falar da sensação que o evento proporcionou como um todo, durante esses três dias de fuzarca olímpica e ar-condicionado e arte e reflexão.
Foi muito bom estar no Oi Futuro nesses três dias. Muito bom. Excelentes palestras, com tons diferentes e abordagens díspares ao tema, formando um mosaico de apresentações intensas sobre o tempo. Se Fernando Eiras, homenageado no primeiro dia, nos trouxe o vínculo de suas opções de carreira em relação ao passar do tempo em sua vida (um relato humano, delicado, comovente e maduro), Mario Novello, no dia seguinte, levou o assunto tempo para a arena da cosmologia, explorando um universo de possibilidades desconhecidas do público leigo sobre física. O Coletivo Improviso, por sua vez, abordou, em sua apresentação, outras possibilidades cênicas para o tempo: o tempo do real, o tempo do improvisivo, o tempo que escapa.
Uma última reflexão sobre o conjunto: acredito que, para quem esteve pelo Oi Futuro nesses dias, o Festival transcenderá os três dias de apresentação. Vai romper a já tão indefinível linha que limita a duração de algo, e as reflexões ali propostas servirão como alimento para outras criações, pensamentos e tudo mais que aparecer, por muito tempo.