Montar uma lista é muito difícil. Ao longo do ano, assisti alguns shows, ouvi coisas que eu já conhecia antes, recebi algumas recomendações e sempre tenho a sensação de que montar uma lista é arriscar um ou mais erros. Portanto, longe de ser o playlist definitivo sobre o que você deve ouvir entre o Natal e o Reveillon, fiz uma pequena seleção com as descobertas de 2013, uma menção honrosa e um clássico de todos os tempos que tocaram bastante no radinho aqui de casa:
No Need For a Leader – Unknown Mortal Orchestra
Segundo disco desse trio da Nova Zelândia mistura Bandas de garagem dos anos 60 + Beck fase “Midnight Vultures” + psicodelia à Sly and the Family Stone = Grande surpresa, grande disco e grande capa. Eles sabem do que gostam, e tudo bem.
Museu de Arte Moderna – Bonifrate
Bonifrate é nome do projeto solo de Pedro Bonifrate, compositor e guitarrista da banda carioca Supercordas. Pedro já havia lançado outros trabalhos sem a banda, também impactantes, como o álbum Um Futuro Inteiro, de 2011. E o novo Museu de Arte Moderna” é um dos melhores lançamentos independentes de 2013. As belas, sinceras e arrebatadoras canções de Pedro – carregadas de psicodelia, folk e um tantinho de reggae – acolhem os ouvintes em mais um álbum para ser apreciado muitas e muitas vezes.
Seagull – Bill Callahan
Bill Callahan é um cantor e compositor que, de 1990 até 2005, tinha uma banda chamada Smog. A banda acabou, mas ele continuou trabalhando sozinho e Dream River é o nome do terceiro trabalho solo dele. Eu não sabia de nada disso até o mês passado, quando recebi um link malandro da internet e me surpreendi positivamente. Bill é um herdeiro de Neil Young, Leonard Cohen e Tim Buckley. Melancolia, contemplação da natureza, relacionamentos e conversas de bar. Bom pra se ouvir durante a ressaca de final de ano.
New You – My Bloody Valentine
O álbum MBV demorou 25 anos pra sair desde o consagrado Loveless de 1988. A faixa “New You” dá o tom da obra inteira e mostra o quanto My Bloody Valentine é o melhor expoente de bandas que combinam pop, chapação etérea e um certo caos.
Caetano Veloso sugeriu, na década de 60, a “linha evolutiva da MPB”: Samba >>> Bossa Nova >>> Tropicalismo.
Seguindo o raciocínio do ilustre baiano, ouso traçar a “linha evolutiva da MBV”: Velvet Underground >>> Joy Division >>> Jesus And The Mary Chain >>> My Bloody Valentine.
Ou não?
Flashbulb Eyes – Arcade Fire
Em meio a dureza de 2013, o novo do Arcade Fire, Reflektor – já resenhado por aqui – surgiu como um mundo paralelo. Aqui, a versão ao vivo de Flashbulb Eyes, um dos grandes momentos do álbum.
Brainfreeze – Fuck Buttons
Grooves industriais, loops, e várias camadas de barulhinhos. Quatro anos depois do excelente Tarot Sport, os Fuck Buttons botam pra fuder de novo com o álbum Slow Focus. Faixas longas e hipnóticas em busca da ressonância perfeita.
She Live In The Jungle – O Lendário Chucrobilly Man
A menção honrosa vai para o conjunto da obra protopunk do Chucrobilly Man, um exemplo do “faça você mesmo”. O Lendário já se apresentou aqui no Rio em 2010, inclusive no Tempo Festival das Artes.
Aqui, apresentação lendária em São Paulo:
History Lesson Part II – The Minutemen
E o clássico de todos os tempos vai para a dupla Mike Watt, baixista, e D. Boon, guitarra e voz, por apresentarem a língua secreta dos Minutemen: “Bob Dylan Wrote Propaganda Songs”; “Political Song For Michael Jackson to Sing”, “Toadies”, “This Ain’t No Picnic”, “Party With Me Punker” e “Corona” – essa última, mais conhecida como o tema de abertura de Jackass. Músicos, performers, compositores, o “avant-garage” dos Minutemen é difícil de classificar. Poderia ser tanto uma banda de hardcore ou psicodélica com um baterista de jazz. D. Boon morreu cedo, em 1985, num acidente de carro. De lá pra cá, Mike Watt ajudou a escrever a história do punk rock em várias outras bandas e projetos – Firehose, Ciccone Youth, J. Mascis and The Fog, Stooges. Tocou por aqui em novembro, com os The Missing Men. Infelizmente não pude assistir pois estava preso no trânsito.
Desejos para 2014: Mais shows e menos engarrafamentos!
“Our band could be your life
real names’d be proof
me and Mike Watt played for years
punk rock changed our lives”