TRADUZIR

O vento num violino: Sobre ser pai e mãe, ou mãe e pai

A peça O vento no violino chegou ao Rio, mais especificamente no Teatro Gláucio Gill, debaixo de uma chuva fina, o que não impediu que muitos cariocas saíssem de casa para ver o que a nova safra de autores argentinos tem produzido no país hermano. Por sinal, o que não falta no segundo TEMPO FESTIVAL são atrações portenhas, deixando para trás qualquer eventual rivalidade; estamos gostando deste intercâmbio, e muito!

Criação da companhia Timbre4, com texto e direção de Cláudio Tolcachir o espetáculo traz à cena questões familiares contemporâneas. Com um único cenário fracionado em 4 ambientes, tudo acontece aos olhos do espectador, porém não ao mesmo tempo: os fios da trama vão passando de um cômodo para o outro e a história vai sendo construída. Darío é um rapaz rico e problemático que possui uma mãe dominadora que faz de tudo para garantir-lhe a tão famigerada felicidade, ou ao menos a sensação que ele é um jovem promissor como outro qualquer. Celeste é uma jovem moça com problemas de saúde, cuja mãe é empregada doméstica. Assim como a mãe de Darío, ela procura garantir a felicidade e dar qualidade de vida a sua filha, que já no início da peça surge com uma namorada em casa, Lena.

Com uma verve melodramática, que remete a Pedro Almodóvar, o que vemos nada mais é que uma história de amor. Mães que amam profundamente seus filhos, duas mulheres que se amam e querem ter um filho – questão atualíssima levando em consideração a recente aprovação do casamento homossexual tanto na Argentina, quanto no Brasil. E um tema que me lembrou muito a fala do escritor português Valter Hugo Mãe na Flip deste ano. Ao falar do seu livro recém lançado em Portugal O filho de mil homens, Valter conta a história de um homem que ao chegar aos quarenta anos se sente incompleto por não ter tido um filho. Em O vento e o violino, a paternidade e a vontade de ser pai também estão presentes, mostrando que sim, somos iguais quando amamos.

Categorias: Blog. Tags: 2º TEMPO_2011, carrossel, Claudio Tolcachir, El viento en un violin, O vento em um violino, Timbre 4 e Valter Hugo Mãe.