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1º TEMPO_2012: DIÁRIO CINE-GAIVOTA 5

Abaixo, alguns trechos do livro Passagem Secreta, de Brígida Baltar. A artista plástica, que está em cartaz na é responsável pela cenografia de Cine-Gaivota.

Márcio Doctors: “Consigo ver, hoje, que estava interessado na arte capaz de dar conta do não dizível, do inominável, do inexprimível, por isso me identifico com sua obra”
“Esse pensamento está presente também naquilo que insistimos em chamar de arte, que é a paralisação de um desses momentos, na ânsia de dar conta de uma totalidade da presença, que é a tentativa de atravessar o tempo paralisando-o, como se desencadeássemos outros tempos dentro do tempo. O processo criativo é a forma que temos de parar o tempo para inaugurar um novo tempo (um tempo singular). É assim na arte, na ciência, na filosofia.”

Brígida Baltar: “Quando utilizo o pó do tijolo da casa no meu trabalho, é como um processo de desconstrução. Eu gosto da ideia da mudança da matéria do tijolo, rígida, em algo tão maleável, que pode se tornar outra coisa e ir também para qualquer lugar […] Novalis: ‘o pouso da alma é o lugar em que o mundo exterior e interior se encontram”

MD: “a sua obra (não resisto a essa generalização) tem essa caracteristica de ser em processo e buscar se inserir nos processos, estabelecendo ciclos ou cadeias”

Brígida: “Qualquer procura passou para as gavetas, roupas, paredes, tijolos. Eu abandonava os estímulos externos e criava espaço para uma intimidade particular. E colhia lágrimas, goteiras, cascas de tintas das paredes, saibros, rebocos. Abria janelas e fazia hortas em tijolos. Os desenhos rasgados iam entrando em vidros, e o papel picado tinha um colorido diferente, sem figurar nada; e como as cascas de tinta, viravam resíduos abstratos.”

Brígida nasceu no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha. Estudou na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no Rio de Janeiro, e frequentou o grupo Visorama (formado por artistas), no final dos anos 80. Já nos anos 90 começa a participar de exposições importantes, como a Bienal de Havana, em 1994, e Panorama de Arte Brasileira, em 1997.

 

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