TRADUZIR

DEVE SER BOM

O grande perigo do teatro de fora é a necessidade de legenda. Não do que está sendo dito no palco (essa, imprescindível), mas da necessidade da extrema contextualização e explicação, para que se entenda o que está se passando ali no palco. Foi o que aconteceu ontem em Comida Alemã, que vai ser apresentado mais uma vez hoje.
Refestelada na cadeira do oi futuro lotado, eu via a tensão em cena, parecia que a qualquer momento aquilo ia explodir, dar uma guinada.As explosões, como na vida, não vinham, ou se davam em pequenos descontroles. O vômito, o menino que mija nas calças, os gritos repentinos. Impossível colocar pra fora as emoções, elas sobernas, procuram pequenas brechas para se fazerem perceber. Lindo, Lindo.
Nem tanto. Eles estavam usando a questão do nazismo para falar de um contexto muito específico chileno, de que eu nunca ouvira falar. ” Ai, nazismo, de novo?” foi a primeira reação. Quem me explicou a fábula por trás daquilo tudo foi o co-simultâneo Gui Seródio, que tinha participado de entrevista com o diretor no dia anterior. Mas aí não vale. Tudo bem, é um festival, com um público mais disposto a correr atrás das legendas, a ideia é sempre mostrar o que de bom está sendo feito em outros lugares. Só que, no fim das contas, a peça tem que comunicar. A sensação de que uma peça incrível deve estar acontecendo ali no palco, mas que ela não é pra você, não é exatamente o que o publico espera. Pena.

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