Nos meus vinte e poucos anos, eu estava tão ligado em música que meu interesse em ouvir algumas bandas de rock era capturado meramente por causa do nome: The Damned, The Fall, The Jesus And The Mary Chain e Husker Dü. Bandas incríveis que ouço até hoje. Mas o Husker Dü era tão cheio de significados que parecia mais um enigma.
Husker Dü >>> Tradução do dinamarquês para “Você lembra?” >>> Nome de um jogo infantil lançado nos anos 50 >>> Power trio formado em 1983 por Bob Mould (vocais e guitarra), Grant Hart (bateria e vocal) e Greg Norton (baixo) >>> juntavam hardcore com psicodelismo >>> Rapidez, distorção, vocais gritados, momentos de calmaria e alguns covers: Byrds (Eight Miles High) e Donovan (Sunshine Superman) >>> “Warehouse: Songs and Stories” de 1987, último disco da banda >>> fecha o período de formatação do punk/hardcore dos anos 80.
Com tudo isso e outros aditivos na cabeça, fui até o Circo Voador, Rio de Janeiro, num domingo (06/10) pro show solo do Bob Mould. Foi como assistir uma aula de um professor maneiro. Eu não conhecia nada da carreira solo dele e esperava alguns hinos do Husker Dü. E assim foi – ele tocou “Flip Your Wig”; “Hate Paper Doll”; “Hardly Getting Over It”, “I Apologize” e “Makes No Sense At All”. Showzaço.
Gosto de ver músicos de verdade tocando de verdade. E o show do Bob Mould foi exatamente isso. Ele juntou uns amigos, formou mais um power trio e apresentou um show de rock. Sem firula, pesado, alto, distorcido e ao mesmo tempo… melódico, doce.
Depois, em uma conversa pós-show, tomando uma cerveja com um fã empolgado, fico sabendo que o baterista era o Jon Wurster, da lendária banda indie “Superchunk” . Vi muitas camisas de outras bandas: Black Flag, Hoodoo Gurus e Minutemen. Bandas que também me capturaram pelo nome. Boas lembranças e uma ótima maneira de encarar a segunda feira. Fãs de hardcore são extremamente exigentes.