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abertos ao pensamento, à criação, ao sim e ao não.

Neste último mês participei de 3 festivais de teatro – Mambembão (RJ), Iberoamericano (Bogotá – CO) e Festival de Curitiba, FRINGE. Foram semanas de muito trabalho em todos os sentidos: apresentando, vendo espetáculos, conversando, estudando, vivendo.

Nos últimos dias, em Curitiba, uma velha queimação no estômago voltou às nossas discussões.

Ontem, tentando refletir criticamente sobre as notas, ‘críticas’, informes, enfim, relatos que os jornalistas disponibilizaram sobre a qualidade das peças do festival paranaense, tive a oportunidade de trocar algumas ideias com uma especialista em crítica teatral, residente em Belo Horizonte. O que me foi muito proveitoso. O grande ‘marché aux puces’ que virou o festival referido oferece ao público uma infinidades de possibilidades estéticas, políticas, temporais, linguísticas, e até mesmo a negação de qualquer princípio destes.

Mas a ‘crítica’, feita ali, parece não estar aberta, ou não ter disponibilidade (das mais gerais) em entender esse cenário e pensar junto às propostas artísticas. O que se ouviu foi um suspiro aborrecido de quem esteve em busca dos ovos de ouro da presentação cênica neste país. Olhos que me parecem já predestinados. Tal como a dificuldade de um ocidental de reconhecer a variedade de notas musicais do oriente.

Não que eu aprecie TODAS as formas artísticas apresentadas – até porque é impossível tomar total conhecimento das mesmas – mas minha indignação está em perceber que há, em certa parte da fortuna crítica (ou miséria como apontou Sérgio de Carvalho nesta entrevista), grande dificuldade em se dispôr a pensar o por que tal obra corresponde ou não ao que ela se prediz. E, se de um todo, a grande maioria das peças são ruins, ou não trazem novidades, o que estaria por trás desse panorama ‘real’? Não vejo esse empenho.

Vejo um Poder surreal daquele que avalia. Vejo uma via de mão única. O que impede caminhos e transformações.

Uma peça de teatro não é apenas uma peça de teatro. Ela é uma trama tecida com fios de pensamento, de história, de ética, de localização geográfica, de possibilidade de ir e vir, de políticas públicas, de micropolíticas, de financiamento público ou não, de vozes que, mais do que aquilo que ‘querem dizer’, já dizem.

Não tenho problema algum com o conceito da crítica. Pelo contrário, meu mestrado em teoria da literatura passa exatamente por aí.

Resolvi então utilizar esse espaço para essas palavras e para, sempre, um convite ao pensamento.

Posto dois textos (Questão de Crítica e R7), de veículos diferentes, que falam sobre uma peça do meu grupo para que vejam mais concretamente do que estou falando. Tal como esses textos foram publicados na internet, tomo a mesma liberdade para citá-los.

Para mim não importa se a crítica fala bem ou mal, mas importa como e por quê ela diz tal coisa. O pensamento, se há, construído nela.

E mais ainda, sobre o Festival de Curitiba + FRINGE, resta aos grupos, agrupamentos artísticos, ter consciência do que se busca naquele espaço, e, claro, o pode ser vivido ali.

Vamos lá. Estamos abertos ao pensamento, à criação, ao sim e ao não.

assis benevenuto é integrante do grupo quatroloscinco. mestrando em teoria da literatura e licenciado em letras pela ufmg. formou-se no curso técnico de ator pelo cefar – palácio das artes. ator convidado no espetáculo ‘amores surdos’, do grupo espanca!. assis vem desenvolvendo trabalhos como dramaturgo, escritor, poeta, ator e pesquisador acadêmico.

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