A canção “Like a Rolling Stone”, de Bob Dylan foi lançada em 20 de Julho de 1965 e foi uma porrada tão grande que o formato da canção pop mudou pra sempre. Quase impossível de tocar inteira na rádio, com seis minutos e seis segundos – duas vezes mais longa que a maioria dos singles da época – a música é um hino da contracultura, está em qualquer lista das melhores e mais influentes canções de todos os tempos e se tornou uma das mais marcantes da carreira de Dylan.
A primeira vez que li o título da música achei que o Bob Dylan fazia uma referência aos Rolling Stones ou a um jeito de se comportar “como um Rolling Stone”. Mas, assim que ouvi, descobri que não dizia nada a respeito da banda e que a letra não se explicava. Mas não comecei a escutar Dylan por Like a Rolling Stone, e sim por “Jokerman”. Só depois de passar pelo punk e o pós punk, decidi explorar o universo de mais de 500 canções do bardo, incluindo clássicos da música pop como “Mr. Tamborine Man”, “Knockin’ On Heaven’s Door”, “Lay Lady Lay”, “Just Like a Woman”, “All Along The Watchtower”, “Tangled Up In Blue”, “It’s all Over Now Baby Blue” e “Blowin’ in the Wind”.
A grandiosidade da música é tamanha que o jornalista Greil Marcus dedicou um livro inteiro a ela “Like a Rolling Stone – Bob Dylan na Encruzilhada”, onde ele conta detalhes sobre cada take no estúdio e como a música nasceu estrofe por estrofe no ambiente dos anos 60, com o início da guerra do Vietnã, o assassinato de Malcom X e a marcha pelos direitos civis nos Estados Unidos.
Além comentar as inúmeras versões da música – entre vários artistas, se destacam Jimi Hendrix, Rolling Stones, David Bowie e Green Day – o autor também traça um histórico sobre cada vez em que Dylan se apresentou e tocou Like a Rolling Stone – desde o episódio no show do Royal Albert Hall, em 1966, em que foi chamado de “Judas”, por uma plateia não muito fã da fase elétrica do Dylan, que emenda com Like a Rolling Stone e pede pra banda tocar a música “Fuckin’ loud!”. Até uma apresentação, em 1992, no aniversário de dez anos do programa Late Night With David Letterman, quando Bob Dylan foi convidado para ficar a frente de uma super banda – com Chrissie Hynde, Steve Vai, Carole King, Emylou Harris, Michelle Shocked, entre outros – para cantar, sem a menor paciência, aquela que seria a canção mais importante do mundo.
No livro, Greil Marcus cita uma entrevista de Bob Dylan falando sobre a música: “Escrevi essa depois de ter parado. Eu tinha realmente parado de cantar e interpretar – eu me vi escrevendo essa canção, essa história, essa longa peça com vinte páginas de extensão e dela eu tirei “Like a Rolling Stone”. Qualquer um pode escrever, eu só escrevi primeiro. Eu não estava interessado em escrever um romance, ou uma peça. Eu simplesmente queria escrever canções. Like a Rolling Stone é definitivamente a coisa que eu faço.”
Hoje, quarenta e oito anos depois de seu lançamento, Like A Rolling Stone é reinventada no hábito de assistir um clipe na internet. Enquanto a música toca, você pode zapear dezesseis canais que simulam uma programação de TV. O impacto da música ainda é tão forte que se adequa a um clipe, onde a voz e a interpretação do Dylan emocionam até durante uma partida de tênis. Like a Rolling Stone é uma música que ultrapassou a própria época e continua conectada a vários tempos diferentes. Infinitas possibilidades de ouvir e interpretar a canção que não esgota a sua capacidade de ressurgir.