Após uma bateria de testes, o Teatro Inominável apresenta as duas finalistas que disputam uma vaga de integrante da companhia.
Quem passou em frente à sede da companhia Teatro Inominável nos últimos meses, pôde visualizar em sua fachada um grande anúncio em letras garrafais: TEMOS VAGA PARA MAIS UM. O grupo – formado por quatro integrantes – estava em busca do seu quinto elemento e, para tal, realizou uma grande bateria de testes para escolher dois finalistas, dentre diversos candidatos. Disseram que a tarefa foi muito árdua, pois a fila de pessoas talentosas, inteligentes, esforçadas, disciplinadas, interessantes, amantes do erro e da dúvida (e com muitos outros atrativos que, por ora, venham enriquecer nossa fértil criatividade para uma maior complementação de adjetivos que combinem com uma ideia do que sejam artistas legais) é grande.
Fotografia: Pablo Pinheiro
Realizou-se com os candidatos, inúmeros exames dentre os quais podemos listar os testes físicos, psicofísicos, astrais, de resistência, de criatividade, de troca de argumentos embasados, sem pé nem cabeça, com carinho, sem carinho, com certeza, sem certeza, dança da cadeira, corrida no saco, parada de mão, mímica, tiro ao alvo, montaria, quem bebe mais cachaça, abraço curto, abraço longo, sorriso de canto de boca, de garrafas de água sempre cheias, de gargalhada, vozinha de criança, generosidade, improviso, varrer sala, carregar cenário, preencher formulário, embalar cenário, esquecer documento, imprimir. Teste de enfrentar fila, de decorar texto de autor contemporâneo, de fazer macarrão, de dar conselhos, de maquiar olhos, aturar música ruim porque o outro gosta, de tiração de onda nível 1, 2 e 3, de divisão de quarto, fazer café… (Ufa, a lista é imensa. Para saber mais sobre os testes acesse o site da companhia).
Após todas essas fases, duas candidatas foram encaminhadas para uma dura batalha final. Caroline e Helena se enfrentarão no octógono do Teatro Inominável, diante dos olhos vivos e amorosos de Adassa Martins, Diogo Liberano, Flávia Naves e Natássia Vello. As duas, gêmeas idênticas separadas na maternidade, acabam de se reencontrar em meio aos testes e já se consideram felizes diante desta situação inusitada. Porém, este clima familiar não apaga a fome de vitória de ambas. Caroline promete usar a sua experiência marginal – adquirida nas andanças pelas ruas do Rio de Janeiro – e ainda ensaia se academizar em frases corporais do gueto punk hip hop rock pink block; já Helena jura que vai abusar das estratégias apreendidas por ela nos treinamentos com os ninjas potiguares, e assume a sua vertente cômica praiana com o foco na leveza e fluidez da natureza selvagem em 200 laudas com bibliografia. A respeito deste desafio final, a companhia Teatro Inominável se pronuncia citando uma frase do Bruce Lee (ou do Carlos Drummond de Andrade?):
– Só é lutador quem sabe lutar consigo mesmo. Que vença a melhor!