“Ricardo III”, de William Shakespeare, é ambientada no final da Guerra das Rosas, durante o conflito sucessório pelo trono da Inglaterra ocorrido entre 1455 e 1485. No início do primeiro ato, Eduardo IV, yorkista, é rei; mas seu irmão, Ricardo, Duque de Gloucester, planeja usurpar o trono, nem que para isso tenha que provocar intrigas, matar aliados, amigos e parentes e faltar com a própria palavra. Para realçar a deformidade moral de Ricardo, Shakespeare o constrõe inclusive com uma deformidade física.
No espetáculo dirigido por Gabriel Villela, a fábula britânica e universal ganha a rua através do universo lúdico do picadeiro do circo, dos palhaços mambembes e das carroças ciganas, criando um diálogo entre o sertão nordestino e a Inglaterra Elisabetana. Às “incelenças” (excelências), gênero musical tipicamente nordestino, é agregado o rock clássico inglês – um tempero especial, com citações de bandas como Queen e Supertramp.
Um dos expoentes do teatro nordestino contemporâneo, o Grupo de Teatro Clowns de Shakespeare existe há 17 anos na cidade de Natal (RN), onde vem desenvolvendo um trabalho de pesquisa teatral com focos na construção da presença cênica do ator, na musicalidade da cena e do corpo, e no teatro popular, sempre com uma perspectiva colaborativa.