Se, por acaso, bater aquela vontadezinha de visitar a Bienal de Veneza, o TEMPO vai te ajudar garantindo alguns trabalhos IMPERDÍVEIS, que fazem juz ao evento!
Vamos lá, abre a caderneta!
1) Chegou no Giardini, vai direto para o Pavilhão da Rússia.
Lá, Vadim Zakharov apresenta duas instalações performáticas muito interessantes. Na realidade, as 4 salas ocupadas por Zakharov comstituem um único trabalho: Danaë. Este título, que remete diretamente ao mito da jovem Danaë, amante de Zeus, ressurge no trabalho russo por meio de um sistema auto-regulador de moedas, fazendo-as percorrer o ciclo da água. Para isso, o artista transformou o espaço, abrindo um enorme quadrado interligando os dois andares, de forma que a moeda chovesse. Tudo isso embalado em uma epígrafe inscrita na parede em que o artista convoca os leitores (It’s time to…) a reconhecer as imperfeições humanas.
2) O pavilhão dos Emirados Arabes Unidos é na Arsenale, pertinho do Giardini. Trata-se de uma imensa tela de projeção circular, na qual surge o mar. O visitante é convidado a ocupar o centro e, então, sentir que está Andando na Água (Walking on the Water é o título), com direito à vertigem em alto mar. Uma ótima atualização dos velhos Panoramas, realizada por Mohammad Kazem.
3) O pavilhão da África do Sul fica do lado do Walking on the Water. Nele, há uma exposição coletiva com esculturas fenomenais do Wim Botha.
Detalhe que a matéria deste escultor não é nem bronze, nem mármore. É livro. Botha esculpe, por meio de pilhas de livros, bustos e rostos, cenas inteiras até, em um trabalho que apresenta extremo vigor. As relações possíveis entre conhecimento, sujeito, gravidade, matéria e identidade se mostram bem férteis: dá para deitar um pouco no Giardini e pensar por um bocado. Outro trabalho em escultura genial e próximo a este está no Pavilhão da Holanda, de Mark Menders.
4) Chile e Uruguai: nossos vizinhos latino-americanos não fizeram feio. No pavilhão chileno, Alfredo Jaar instalou uma imensa piscina, de onde emerge e submerge das águas turvas a miniatura do Giardini a cada três minutos.
O mecanismo de Jaar, que possui como epígrafe a fotografia do artista argentino Lucio Fontana nos escombros de seu estúdio, faz menção direta a alguns fatos: as inundações de Veneza, o formato da Bienal, o conceito de nacionalidade etc.
No Uruguai, encontram-se excelentes objetos de Wilfredo Diaz Valdez, na exposição Tempo (Tempo) Tempo. O pavilhão uruguaio é objetivo e singelo, dando ênfase ao que importa: os “móveis” de Valdez.
5) No pavilhão da Finlândia, Antti Laitinen apresenta uma obra densa, simples e visualmente impactante.
Forest Square, um de seus trabalhos mais interessantes, constitui uma série de 3 fotografias e 1 vídeo que organiza cronologicamente as três imagens. Nas três fotografias, Laitinen consegue brincar com a elasticidade do termo square: uma moldura, um espaço delimitado e uma superfície plástica neta de Mondrian. O que torna este trabalho instigante é a função do artista neste processo. Laitinen faz tudo: ele, de fato, é um carpinteiro. Expõe uma oscilação entre a ciência e o mito, a razão e o pensamento selvagem que fazem de Forest Square uma das melhores obras desta Bienal.
Agora pegue seu mapa e se perca nas ruas de Veneza. Se joga!