Semanalmente, o Tempo Festival visita o processo de um artista ou coletivo e nesta acompanhamos os ensaios da nova peça de uma jovem companhia, que estreia amanhã (18/03) na Arena do SESC Copacabana. O vídeo traz algumas cenas da penúltima semana de ensaios e a entrevista com os membros da peça sairá do forno assim que passar o nervosismo da estreia.
Com dramaturgia de Pedro Kosovski, Do Artista Quando Jovem é mais um capítulo na história d’Aquela Companhia de Teatro, e isto não é apenas uma figura de linguagem. Desde 2006, o grupo reunido em torno do diretor Marco André Nunes investiga as possíveis relações entre a literatura e o teatro. Os capítulos que compõem as obras de autores como Franza Kafka, Johann W. Goethe, Herman Hesse, e agora James Joyce, são o ponto de partida para os processos de ensaio do grupo.
Assim, a pessoa que sai de casa para ver algum espetáculo d’Aquela Cia. vai necessariamente se deparar com Werther, Stephen Dedalus, Harry Heller, Joseph K, e também as enfermeiras, os mágicos, os burocratas, as musas e tantos outros personagens que povoam as obras de tais escritores. A tentativa não é, porém, de tentar adaptar a história para o teatro. O grupo parte da experiência de leitura de tais histórias, isto é, vai para a cena mergulhar nas impressões e emoções suscitadas pela leitura dos textos. Encenam, portanto, a experiência do romance. A cena percorre livremente as narrativas de Joyce e Cia.
No novo espetáculo, o primeiro romance de James Joyce, publicado em 1916, é o fio condutor da história contada pelos atores Remo Trajano, Dora Pellegrino, Saulo Rodrigues, Igor Angelkorte e Erika Mader que acaba de voltar de uma temporada em Nova York onde apresentou o programa Lugares Incomuns do Multishow. Estes bravos atores, iluminados por Renato Machado e vestidos por Flavio Graff, apresentarão passagens da infância e da adolescência de Stephen Dedalus, o alter-ego de James Joyce, em seu processo de amadurecimento e de desenvolvimento artístico.
Tal como Os sofrimentos do jovem Werther, de Goethe, e O Lobo da Estepe, de Herman Hesse, Retrato do artista quando jovem é um romance de formação. Seu diferencial é a correspondência entre o desenvolvimento do personagem e o desenvolvimento da própria linguagem escrita. Trata-se de um romance de formação não só do personagem, mas da escrita e, com isso, da maneira de escrever do autor. Isto não é pouco. Trocando em miúdos, pode-se dizer que um dos temas principais da peça é, com isso, o próprio processo. Nada mais Tempo_Contínuo: o tempo do processo.
