O TEMPO_FESTIVAL busca transitar entre as diferentes linhas que integram o amplo leque das artes cênicas na atualidade. E também busca uma interlocução com outros países, para compor uma painel internacional. Esse ano, o festival apresenta o Recorte da Cena Espanhola, em uma parceria do TEMPO com o Instituto Cervantes, o INAEM (Instituto Nacional de Artes Escénicas y de La Música), a AC/E (Acción Cultural Española) e o Instituto Ramon Llul.
O grupo El Conde de Torrefiel, fundado em 2010, é hoje um dos mais interessantes do teatro contemporâneo da Espanha. O grupo, composto por Elías Aguire e Álvaro Esteban, é um dos duos de dança contemporânea mais premiados na Espanha e na Europa. Procura transcender a linguagem verbal e o resultado cênico de seus trabalhos transita entre literatura, artes plásticas e performance. No TEMPO, o grupo apresenta Observem como o cansaço acaba com o pensamento: com uma tabela de basquete ao fundo do palco, jogadores-atores disputam uma partida expondo lances de resistência, força e técnica. Ao mesmo tempo, um homem e uma mulher – vozes em off – debatem sua relação: do amor à política, do dinheiro à morte. Tanto a partida como a debate estão unidos pela ideia de enfrentamento e pelo empenho de forças vitais para se ganhar um jogo. Mas, afinal, por que jogar?
Também participante do recorte espanhol, a Cia. Fadunito.com foi criada em 2003 pelos artistas Ferran Orobitg Anglarill (Fadu) e Ivan Alcoba Piera (Nito). De lá para cá, a Cia. já produziu oito espetáculos, por meio de processos criativos colaborativos, tratando de temas ligados ao mundo circense, ao teatro de rua e mais recentemente a temas sociais.
No TEMPO 2013, a Cia Fadunito.com apresenta Ceci 3.0, espetáculo de intervenção urbana. Uma cadeira de rodas está aparentemente abandonada na rua. De repente, ela se move. O que pode causar uma cadeira de rodas que se move sozinha no espaço público?
A Cia. Señor Serrano foi fundada em Barcelona, em 2006, por Àlex Serrano. O grupo combina tecnologia, videoarte, cinema, dança e teatro para criar suas produções, que visam explorar os mecanismos de percepção do público. Experimentos cênicos, performances e interatividade são as tônicas das criações do grupo.
Brickman Brando Bubble Boom, peça integrante do recorte espanhol, é uma dupla biografia cênica: do Sr. John Brickman, construtor inglês visionário e empreendedor que no século XIX inspirou o primeiro sistema hipotecário da história, e de Marlon Brando, ator desajustado que reivindica a possibilidade do jogar contra as regras do mercado.
O espetáculo/ performance Carmen Shakespeare (acto 1o), da coreógrafa e artista visual Olga Mesa e do artista Francisco Ruiz de Infante, é um projeto em construção que transita entre teatro, artes plásticas e cinema. Aqui não se trata de interpretar Carmen nem Shakespeare, mas sim de invocar a energia de um corpo mítico (mitológico, lendário, utópico) e tentar ser possuído por ele. Em cena, um homem e uma mulher se encontram no interior de uma armadilha tecnológica construída por eles mesmos (uma sala repleta de câmeras e projetores). Esta máquina é um terceiro personagem, que impõe rituais cíclicos a toda execução. Para conhecer um pouco mais do trabalho de Mesa, sugerimos o vídeo abaixo, de seu trabalho anterior, El Lamento de Blancanieves I:
Mais performances estão no Recorte da Cena Espanhola, na ocupação que acontecerá na EAV Parque Lage:
De Ángels Ribé, Constatação da presença d´um volume imaterial (1974) começa com um ventilador no chão. O público se aproxima. Quando se liga o ventilador, as pessoas se afastam, cria-se um vácuo. Então se marca os limites deste espaço com fita adesiva no chão.
Já Íntimo e Pessoal (1977), de Esther Ferrer, tem como ideia inicial medir um corpo com uma fita métrica, marcando os locais medidos com um número, ponto ou anotação, que podem então ser lidos em voz alta à vontade ou marcados no chão ou em uma placa. No final da execução, os corpos foram transformados em quadros vivos; quadros científicos, literários e plásticos.