Quando você entrar pelo Oi Futuro Flamengo para assistir a algum espetáculo do TEMPO_FESTIVAL, reserve alguns minutos para interagir com os 3 monitores localizados no térreo deste Centro Cultural.
Isto porque lá estarão sendo exibidas em cada monitor três seleções de filmes e vídeos especialmente programadas por Alex Cassal, Daniela Labra e pelos organizadores do Festival de Cinema dos Amigos Teatrais. Trata-se da mostra 3 Olhares que compõe a programação do 2° TEMPO_FESTIVAL.
No programa de Alex Cassal, você terá acesso a uma inusitada série de trabalhos que investiga as relações entre a dança e o audiovisual. As obras em videodança que estarão sendo exibidas no primeiro monitor apontam para novos territórios onde podemos pensar e explorar movimentos, corpos e linguagens. Um bom exemplo disso é a parceria de Cassal com Alice Ripoll no vídeo Jornada ao Umbigo do Mundo:
Daniela Labra, curadora do evento Performance Presente Futuro, selecionou vídeos criados por artistas visuais contemporâneos, como João Penoni e Amilcar Packer, onde performance e recursos tecnológicos se encontram para produzir situações que ficam no limiar da realidade e da ficção, fundando uma espécie de suspensão temporal. “Ao assistir estes vídeos”, comenta Labra, “é dificil compreender onde começa o registro documental de uma situação captada do mundo real, e quando isso vira pura ficção poética”. Abaixo, still de Volt, de Penoni:
Já os organizadores do Festival de Cinema dos Amigos Teatrais Vinicius Arneiro, Diego Molina e Letícia Medela realizaram uma seleção especial dos curta-metragens que fizeram parte do evento, já em sua quarta edição. Abaixo, o depoimento de Molina sobre o FECAT:
“O Festival de Cinema dos Amigos Teatrais (FECAT) é mais ou menos o que o nome sugere: um encontro da “turma” de artistas do palco para ver, fazer e brincar de cinema. O que começou (em 2008) como uma brincadeira despretensiosa de fazer vídeos caseiros cresceu, tomou outra dimensão, mas manteve seu caráter diletante e eufórico. Porque, afinal, o que impede um ator ou diretor de teatro de usar uma câmera? A cada edição novas regras, mas algo permanece: os filmes têm que ser produzidos por gente de teatro! Senão não tem graça… E assim o FECAT tomou essa forma: gente de teatro fazendo cinema. Porque nos parece que há um diferencial nisso. E em muitos sentidos. Um olhar, uma estética, uma falta de verba, de prática, sei lá. Não é vantagem nem demérito. É diferente.
Três anos depois o FECAT prepara-se para sua quarta edição.Teatro e Cinema cada vez mais juntos, num intercâmbio estético dos mais sadios. E para estreitar ainda mais esses nichos, o próximo evento terá uma grande mudança: deixaremos que pelo menos um integrante de cada grupo tenha a presença de um artista do cinema. Acho que ganhamos mais com a experiência e chamamos a atenção da “outra classe” para a iniciativa. Nesses tempos em que Felipe Hirsh projeta o cinema nos palcos, é chegada a hora também do cinema colocar as duas máscaras em suas películas. Se bem que o tal Lars Von Trier já fez isso e de uma maneira bem impactante (como outros, muito tempo antes)… Mas quer saber? Ninguém aqui está interessado em pioneirismo. A gente só quer se divertir! O risco? Um filme ruim. Mas se um, entre dez, se salvar, ou se nove forem divertidos de fazer, já vale a cerveja depois da sessão!”