O primeiro final de semana do TEMPO_FESTIVAL 2014 está um absurdo! Depois da ressaca pós-eleições, a Programação nesses três primeiros dias canaliza nossas angústias e dúvidas eleitorais para a arte, que caminha de mãos dadas e de olhos fechados com a política.
Logo no primeiro dia, o patrão ficou maluco e, dentre as quatro estreias, dois importantes debutes circulam pelos palcos da cidade. No Oi Futuro Flamengo, às 20h, a diretora Mônica Guimarães apresenta ao público, pela primeira vez no Brasil, o texto integral de ‘Depois do Ensaio’, do cineasta sueco Ingmar Bergman. Corroborando seu caráter multilinguagens, o TEMPO abre com um texto acerca da devoção ao teatro por um artista mais conhecido por sua atuação no cinema. A peça tem também apresentações no sábado e no domingo, sempre às 20h.
Para quem for ver a peça, a dica é chegar um pouco antes e conferir a vídeo instalação ‘Bonjour Concert’, do francês Halory Goerger. Conhecido por permear seus trabalhos com elementos absurdos e subversivos, o artista apresenta três vídeos que tratam de forma irônica a relação de amor e ódio entre o rock e a dança contemporânea. O trabalho estará exposto no nível 1 do Oi Futuro Flamengo. Depois é só subir e conferir a peça da Mônica!
Outro destaque é a primeira vez da companhia japonesa Chelfitsch Theater Company na América do Sul. Fundada pelo japonês Toshiki Okada, a companhia vem tendo destaque na Europa, Ásia e América do Norte. Sexta e sábado, o público carioca poderá conferir o trabalho ‘Super Premium Soft Double Vanilla Rich’, no Humaitá. Flertando também com o absurdo, o espetáculo se passa numa loja de conveniência onde os clientes e funcionários são viciados na música barroca de Bach. A crítica social, presente já no nome da companhia (uma referência à palavra ‘egoísta’ em inglês) se concentra no consumismo. O título dá nome à última novidade recebida pela loja de conveniência da peça, o Super Premium Soft Double Vanilla Rich, absurdo em forma de sorvete!
Na sexta feira, temos ainda, no Teatro Carlos Gomes, a esperada estreia de ‘Cheval’, espetáculo que, veja só, também flerta com o absurdo! Com concepção e atuação de Antoine Defoort e Julien Fournet, o espetáculo é tecnicamente admirável, com diversos apetrechos tecnológicos, instrumentos musicais, bolas, bolas e mais bolas. O trabalho, encontro de Michael Jackson com Schubert, é, segundo os autores, ‘lúdico-musical’ e ‘técnico esportivo’.
Já a obra prima de Cervantes é o ponto de partida para o espetáculo “Dom Quijote”, de Tom Frankland e Keir Cooper com colaboração do diretor da companhia espanhola “Último Comboio”, Anton Coimbra. A cada dia com um ator principal diferente, com projeções, música ao vivo, teatro e dança “Dom Quijote” é anarquia! A peça terá apenas duas apresentações, nos dia 11 e 12 de outubro na Biblioteca Parque Estadual, ali na presidente Vargas, quase em frente à Central do Brasil.
No Galpão Gamboa, e também lançando luz sobre questões sociais, temos o primeiro espetáculo que compõe a Mostra Hífen, Silêncio, de Tracy Segal. Parceira do TEMPO_FESTIVAL e realizada pelo Teatro Inominável, a Mostra Hífen participa da programação com três peças e com o bate papo sobre Arte e Cidade que acontece no Reduto, às 16h, em Botafogo. A professora da UFRJ Adriana Schneider e os integrantes do Norte Comum debaterão sobre estratégias de proximidade entre público e artista, apresentando o projeto político do cidadão-artista.
São, portanto, seis atrações nesses dias iniciais de Tempo Festival. Dá pra se programar direitinho, os locais são de fácil acesso e em alguns casos dá pra emendar um espetáculo no outro. Aproveitem, pois o que vale é a experiência!