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DO OUTRO TEMPO DO COLETIVO IMPROVISO: NÃO OLHE AGORA

– Não olhe agora está errado, não aponta para lugar nenhum, não tem um princípio, uma lógica clara, uma estética. Arrancamos esse trabalho de um encontro. Parto a fórceps, pois não sabíamos muito bem  no que daria. Estávamos há tempos treinando juntos aliando técnicas de  treinamento físico, espiritual e mental(Suzuki) com princípios de improvisação (os Viewpoints). O treino na Fundição Progresso atraiu atores, bailarinos, cantores e  performes, alguns com claras trajetórias e larga experência e outros nem tão claros. Desse caos nasceu um chamado do Riocenacontemporânea pedindo um  “trabalho”. Fomos fazer uma criação coletiva inspirada nos exercícios de composicão elaborados pelos performers e saímos para a Rua, Cinelândia, introjetando os personagens da rua, de Clarice Lispector, do acaso, dos encontros dos atores, das gentes. Um ano depois mais um chamado, e então focamos mais, fechamos num grupo menor ( 14 pessoas!!) e numa sala de ensaio preparamos as condições para mais um ringue de batalha. Cada um dos criadores trazia temas, perguntas, objetos, rascunhos de movimento (e muita empolgação) e um tecido dramático se criava, sem lógica literária, teatral, ou causal. Enrique ia juntando com maestria firme os momentos num espetáculo que falava  de criação aberta, de canteiro de obras, de mistura de gêneros, desse “negócio” complexo que é olhar o outro. A idéía do acontecimento privado que entra no público e vice versa. Saímos à rua, levamos improvisações pro Largo São Francisco, trouxemos a rua pra dentro e depois à CAIXA. Da rua para o interior, e do interior para a Rua. E para a França, depois de muitos festivais, de rodadas intermináveis de viewpoints, de volta, no ensaio, pra CAIXA e pra rua, que é onde terminaremos, faça chuva, sol, arrastão, guerra da polícia com os ambulantes, bala perdida, casamento…Se Deus quiser…. (Mariana Lima)

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