TRADUZIR

MOSTRA ANTUNES FILHO: MACUNAÍMA

A Mostra Antunes de Vídeo, sob a curadoria de Julio César de Miranda, entrelaça as linguagens do Teatro e do Vídeo, tendo como eixo as montagens do diretor brasileiro Antunes Filho, realizadas ao longo de cinco décadas de profunda dedicação às artes cênicas. Jose Alves Antunes Filho, paulista, que neste ano completa 80 anos no dia 12 de dezembro, é um diretor de teatro que desde as suas primeiras peças encenadas há mais de 50 anos atrás, nunca parou de pensar e inovar.

Uma prova disso está na Mostra Antunes de Vídeo, um conjunto de seis vídeos selecionados por Júlio Cesar de Miranda que serão exibidos nos dias 16, 17 e 18 de Dezembro no Oi Futuro. Na mostra, que compõe a programação do TEMPO Festival das Artes, o público poderá conferir, por exemplo, encenações tão diversas quanto instigantes, como Macunaíma, dirigida por Antunes em 1982, Vereda da Salvação, de 1993 e Foi Carmem Miranda, de 2008.

A Mostra começa no dia 16 exibindo Macunaíma, de Mario de Andrade, que deu nome a seu grupo que, em 1982, criou, no SESC SP, o CPT – Centro de Pesquisa Teatral que, nestes 27 anos, vem criando novas estéticas e formando atores, técnicos e outros criadores cênicos.

O curador Júlio Cesar de Miranda é um colecionador de filmes de arte, que se dedica ao cinema desde a década de 1960. Foi curador e produtor de diversas mostras no CCBB, Casa França Brasil, Centro Cultural dos Correios, Arte Sesc, Espaço Sesc. Julio também é sócio-gerente da Polytheama – Central de Vídeo.

Antunes, entre outras coisas, fala sobre Macunaíma:

“Não posso falar “tenho certeza” que Macunaíma tem algo de Oswald de Andrade, por que aí vem o pessoal lá da USP criticar, mas tem coisas da vida do Oswald que ele tenta colocar. Sabe aquelas coisas meio levianas do Oswald de Andrade? Ele coloca tudo no Macunaíma. Que não é o mau-caráter. É o sem-caráter, que não tem memória. Ele vai em frente. Ele está indo para cá, vê um negócio lá e muda. É bem o brasileiro, irresponsável [ri]. Sem querer, através do Macunaíma, cheguei a coisas, através da indiaiada brasileira, dos mitos brasileiros, de Nelson Rodrigues depois. Isso tudo foi me levando para os arquétipos, para um tipo de literatura de análise das religiões, Mircea Eliade. Depois, veio Jung.

Macunaíma foi uma peça de muita pesquisa, muito vídeo, tudo que é livro, milhões de fotografias. Índios também: quando vinham para São Paulo, a gente trazia para o ensaio. Os irmãos [Claudio e Orlando] Villas-Boas [sertanistas] também foram de muita ajuda para a gente. Foi um trabalho”.

 

Categorias: Notícias. Tags: 1° TEMPO_2009, Antunes Filho, Mostra de Vídeos e Teatro.