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Sander Veenhof e a Realidade Aumentada

Já imaginou estar sozinho(a) em casa e, ao mesmo tempo, dançando com o mundo inteiro? Sozinho(a) na sala, no quarto, mas chacoalhando o esqueleto em movimentos sincrônicos com gente de Cuba, Bermudas, Bahamas? Isso é literalmente possível!

Sander Veenhof, artista holandês estudioso das “mídias instáveis”, captou as possibilidades infinitas que a “Realidade Aumentada” (AR, em inglês) pode trazer para o viés artístico. Em 2010, teve a ideia de invadir o MoMA à distância, utilizando um GPS e tecnomagias. Quem tinha o aplicativo Layar instalado em tablets e celulares podia ver, enquanto passeava pelos 6 andares do prédio, as criações artísticas virtuais de Veenhof, de seu parceiro Mark Skwarek e outros 30 artistas.

A direção do MoMA não só adorou a intervenção invisível como também passou a incorporar peças virtuais em seu acervo, trazendo um novo conceito de museologia. Veenhof continuou empreendendo sua pesquisa sobre a “Realidade Aumentada”, observando como as pessoas se comportam de maneira peculiar quando estão buscando desvendar as evidências invisíveis e virtuais com seus celulares. Percebeu gestos que chegam a parecer improvisos coreográficos e assim despontou na dança. Deste caldo, nasceu a Dance.AR, a dança global, sincronizada. Uma experiência individual, porém coletiva. Os movimentos são iniciados de maneira sincrônica porque foram configurados com o padrão GMT+0. Ou seja, se você está aqui no Brasil e começa a dançar com o aplicativo agora, 10:55 da manhã, alguém que entrar na dança daqui a 15 minutos lá do Japão vai dançar a mesma coreografia que você e que todo mundo que estiver sincronizado. A coreografia, feita pela artista Marjolein Vogels, consiste em 33 movimentos feitos para quem está segurando um celular com a mão. Quando o aplicativo é iniciado, aparece um cubo verde dando as indicações. Pra trás, pra frente, esquerda, direita, cima, baixo, perto e loooooonge, assim vai indicando o cubo, que guia a(s) mão(s), estruturando o corpo na dança. Quem já jogou Just Dance! para Nintendo Wii vai notar uma certa semelhança na questão gestual da mão que segura o controle, servindo como eixo para o corpo movimentar-se de acordo com a coreografia que aparece na tela. Se tudo está alinhado, o(a) dançarino(a) ganha mais pontos.

Mas a questão do Dance.AR é estar em conexão com pessoas remotas em sincronia corporal, os mesmos movimentos através do cubo verde. Pode-se ver os países dos(as) colegas dançarinos(as) na interface do celular e neste site: http://www.sndrv.nl/dance/

Pra entrar na sincronia dançante, é preciso instalar aplicativo gratuito Layar no seu iPhone/Android e iniciar. Ao abrir o layar Dance.AR, mantenha a posição das mãos e se deixe guiar pelo cubo verde. Quanto mais rápida for sua conexão à internet, mais suave será a dança.

Com um computador você pode ver ao vivo no Googlemaps os pontos onde as pessoas estão dançando no mundo. Existe uma seção dedicada às fotos recebidas de todos os lugares do planeta, que mostram a adesão a este flashmob mundial.

Agora imagina uma festa onde todas as pessoas que possuem um smartphone estão dançando Dance.AR. Isso aconteceu uma vez, nesse ano, durante a exposição “Augment It”, no Museu Stedelijk, em Amsterdã. O lançamento global ainda está pra acontecer, mas lá no site dá pra ver que o cubo mágico já guiou gente da Ásia, América do Sul e Europa. Em setembro, Sander Veenhof vem ao Rio de Janeiro fazer demonstrações de “Realidade Aumentada”, tecno(logia)(magia) pouco conhecida por aqui. Será que acontece uma dança de pequenos planetas sincronizados pelo tempo e juntos no mesmo espaço?

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