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A 'LINHA ORGÂNICA' DAS CONSTRUÇÕES DE SI (E DO FORA)

As performances apresentadas no primeiro dia do Tempo (tanto a de Fernando Eiras quanto a do Coletivo Improviso), me pareceram lidar com diferentes modos de subjetivação, com espaços de ‘construção de si’. Esses espaços, que interagem, trocam e também constituem o ‘fora’, o mundo, estão diretamente vinculados às poéticas de cada artista.

No processo do Coletivo Improviso as [auto]biografias dos componentes do grupo aparecem como estruturas que se abrem rizomaticamente ao encontro com o outro e com a cartografia imprevisível do mundo, sendo ‘matéria’ fundamental para a produção de sentido e para que seja desenhado o ‘corpo’ do trabalho.

Na ação de Fernando Eiras a biografia, foi colocada numa espécie de fita de moebius com a ficção, criando um espaço contínuo, numa rica e intensa ‘retroalimentação’ entre esses lugares, que me pareceu ter sido reforçada pela fala do artista durante a conversa posterior.

As concepções de construções de si e do fora, do eu-outro no campo extensivo do mundo vem sendo também constantes no campo das Artes Visuais, desde os anos 1960. Tomei emprestado de uma de nossas maiores artistas, Lygia Clark, que tão bem desenvolveu e redefiniu essas questões em sua obra, o conceito de “Linha Orgânica” (algo que seria uma campo de contiguidade entre pintura e mundo, arte e vida), para falar um pouco de minhas impressões sobre o que vi(vi) hoje.

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