Conversei com Janaína Leite, atriz de São Paulo que está no festival com dois trabalhos: “Arrufos”, do Grupo XIX de São Paulo, e “Cachaça ou chocolate”, um bate-papo com os atores e diretor de “Festa de Separação”, em cartaz a partir dessa semana no SESC Copacabana. Em ambos, ela foi dirigida pelo Luiz Fernando Marques, também do Grupo XIX.
Como o tema dos dois trabalhos é o amor, o papo se enveredou por aí. “Arrufos” faz um recorte sobre a questão amorosa em três períodos da história do Brasil: século XVIII, XIX e hoje. “Festa de Separação” é mesmo um documentário cênico, como o subtítulo revela: Janaína e seu parceiro de cena Felipe Teixeira Pinto foram casados na vida real e, na hora de se separarem, decidiram compartilhar esse momento publicamente. O resultado é um retrato do amor hoje, inclusive no que ele tem de efêmero.
Por quê nossos avós se casavam para a vida toda e nós vivenciamos várias relações mais curtas ao longo da vida? O que cada uma dessas coisas pode ter de bom ou ruim? O amor transforma ou nos acomoda? Essas e outras questões estão neste breve interlóquio que eu tive com Janaína. E ela arrasou nas respostas, deu pra sentir que ambos os processos devem ter sido muito ricos, o que já é grande coisa principalmente no teatro de pesquisa. Só pra dar uma palhinha, uma de suas frases foi: “potencializar o amor no que ele tem de revolucionário” – e eu achei isso tão bacana que acabou me dando a inspiração para o título. A frase, segundo ela, foi trazida ao processo de “Festa de Separação” pelo pesquisador e professor da USP Dr. Julio Groppa.
A gravação é bem caseira, feita do meu celular, e o cinegrafista (eu) sofre de tremor essencial (diagnosticado por um médico, não é invenção minha!) Mas o papo vale a pena assistir.
Saiba mais sobre os dois trabalhos:
CACHAÇA OU CHOCOLATE?: Concebido pela atriz Janaina Leite e pelo músico e filósofo Felipe Teixeira Pinto, “Festa de Separação: um documentário cênico” se debruça sobre o tema do amor contemporâneo. O experimento tem como tema a ruptura do ex-casal na vida real – Janaina e Felipe -, que decidiram convidar parentes e amigos para celebrar este momento de passagem através de festas de separação. E, logo depois da apresentação do dia 29, um debate regado a cachaça e chocolate será promovido pelo TEMPO_FESTIVAL das Artes para discutir o processo de criação da peça, que estreia dia 27 de maio como parte da programação cultural do Espaço SESC, e permanece em cartaz até 20 de junho.
ARRUFOS: Em seu terceiro trabalho, o Grupo XIX continua sua investigação a partir da história da vida privada brasileira. Com histórias de amor diversas em três diferentes séculos, o espetáculo mis- tura os tempos para que o espectador do século XXI possa entender de onde vem esse ideário do amor romântico e a quem serve essa construção. Em sua trajetória, o grupo acumula importantes prêmios do teatro brasileiro e no Rio de Janeiro apresentou os espetáculos Hysteria e Higyene.