O circo no risco da arte, lançado no Brasil pela editora Autêntica, em 2009, é o último livro organizado por Emmanuel Wallon, que se formou aos 20 anos pelo Institut d’études politiques de Paris, fez um Doutorado em Sociologia na École des hautes études en sciences sociales. Hoje é professor de sociologia política em Nanterre e no Centro de estudos teatrais da universidade de Louvain-la-Neuve (Bélgica).
Além disso, Wallon é membro do comitê de redação da revista Temps Modernes, Études théâtrales e L´Observatoire, e foi presidente da associação Hors Les Murs (Associação nacional para a promoção e o desenvolvimento das artes da rua e do circo http://www.horslesmurs.fr/) de 1998 à 2003.
Seus livros mais importantes são L´artiste, le prince; Pouvoirs publics et création, Théâtre en pièces, Le texte en éclats. Nesse site vocês podem encontrar algumas publicações dele, mas todas estão em francês: http://e.wallon.free.fr/article.php3?id_article=7
Em Paris, ele ministra frequentemente uma disciplina chamada Les politiques de la scène, na qual se propõe a uma reflexão sobre as artes cênicas a partir das relações que estabelecem com o ambiente político, econômico e cultural em que estão inseridas em cada época .
Em O circo no risco da arte, particularmente, ele reune uma série de intelectuais e artistas, em sua maioria franceses, falando sobre as artes circenses hoje a partir de diferentes pontos de vista.
Embora este tipo de publicação já seja comum na França, onde o Novo Circo tem um papel importante na reflexão sobre as artes cênicas, ele praticamente inaugura este espaço no Brasil, que vem privilegiando o teatro em despeito da dança e do circo.
Podemos ver atualmente no Brasil algumas teses e dissertações que falam principalmente do circo tradicional – como é o caso da pesquisa de Ermínia Silva sobre Benjamin de Oliveira e a teatralidade circense, ou de Mário Bolognesi sobre palhaços – mas ele já vem perdendo força desde o século passado, dando lugar para espetáculos híbridos que surgem hoje a partir de seu encontro com outras artes.
Como estamos falando de tempo e simultaneidade, esta reflexão sobre o circo contemporâneo vem a calhar, assim como a fala de Wallon amanhã, intitulada O teatro hoje…
O artista em desequilíbrio
Diante da diversidade de suas habilidades, o artista de circo se expõe deliberadamente ao desequilíbrio. Esse jogo entre o controle e a queda impõe que se corra o risco, tanto físico quanto estético. Ele exibe uma instabilidade dos corpos e dos objetoss que remete a um modo de vida precário, mas também ao frágil estatuto da arte.
Wallon, Emmanuel. O circo no risco da arte, pp. 24.