Uma característica marcante deste 2° TEMPO_FESTIVAL é a presença de espetáculos que utilizam o espaço urbano do Rio de Janeiro como cenário de suas encenações. Um bom exemplo disso é a peça Helena pede perdão e é esbofeteada, que estreia no dia 27 de maio, no Largo de São Fransciso, no centro da cidade.
Com um título curioso, a encenação, que possui dramaturgia de Alexandre Dal Farra e direção geral de João Otávio, mistura recursos comuns ao melodrama e às telenovelas aos das peças didáticas de Bertold Brecht. Não é à toa, portanto, que o título seja, por si só, uma sinopse. O arrependimento e a violência contidos em Helena pede perdão e é esbofeteada já constituem uma apropriação do grupo Tablado de Arruar tanto dos anúncios rocambolescos que povoam o universo televisivo quanto dos letreiros brechtianos que antecedem as cenas.
Além disso, neste espetáculo, o foco de investigação do grupo recai na busca por uma linguagem violenta e destrutiva, à altura do dia-a-dia atual de metrópoles como São Paulo e Rio de Janeiro. Para tal, o grupo articula à ambientação cênica nas ruas, outras mídias e manifestações artísticas, como o vídeo, a música e as artes plásticas. Este entrelaçamento de linguagens é realizado para contar a história de Helena e seu marido, que tem a sua casa invadida por outro casal. A convivência dos dois casais é o mote para inúmeros conflitos e jogos cênicos que tratam de tematizar os limites e as contradições de um mundo movido pela violência e pelo terrorismo.