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LER TEATRO

Salve, salve, seguidores do Simultâneo. Já começou na Lapa e em Copacabana, daqui a pouco começa em Ipanema o 2º TEMPO do TEMPO_FESTIVAL. Oba! Oba!

Eu não vou subir ao palco, não vou fazer performance, mas só de pensar em vários dias com aquela respiração presa nos segundinhos “luz da plateia se apaga, terceiro sinal, vai começar…”, ai, ai. Os segundinhos em que até papel de bala parece trovão, sabem?

Pois então. Um dos eventos de toda a programação desse festival de artes cênicas – essa coisa toda compreende teatro, vídeo, performance, intervenção urbana – é um lançamento de livro. Hm, hm. Já lembrei logo da livraria, da luz fria, tudo diferente do que a gente gosta no teatro, além do vinho ruim dos lançamentos. E mais: teatro não é literatura, não é livro, é corpo, palco, presença. Certo?

Pois eu achei das melhores coisas da programação esse lançamento. Ler teatro não é ver teatro, é claro. O tempo de elaboração do pensamento que cada uma dessas atividades suscita é diferente. Fazem parte do meu ritual do teatro os três segundos sem respirar. Não importa quem esteja ao lado, naquele minuto em que todos se calam, a peça passa a ser uma para cada espectador. É ali que me sinto no teatro. Eu compararia, quase plagiando o Piglia, ao movimento do leitor, que não compartilha a leitura, necessariamente solitária, ainda que muitos já tenham lido aquela mesma obra.

Ainda assim, a ideia de estar sozinha numa plateia, tal um leitor diante de um livro no cômodo silencioso, amedronta, maldiz a obra. O que dizer da “casa vazia”? Ler teatro fica parecendo, então, um sem sentido.

O que texto dramatúrgico, escrito, quer é o trabalho do artista criador que encontra o leitor, o trabalho do espectador mais que avisado na poltrona iluminada do cômodo silencioso. É preciso esforço para entender o código, o formato, preencher a lacuna deixada nas falas para o criador da cena. A prosa vem pronta, feita para ser acompanhada. O texto dramático, para ser completo, precisa ir ao palco pelas ideias de alguém, pelo corpo de outrens.

O primeiro post vem em forma de depoimento feliz pelo lançamento de dois textos contemporâneos. Volto para falar das peças e dos livros e dos textos.

Categorias: Blog. Tags: 2° TEMPO_2010, dramaturgia, lançamento e texto.