A presença do homem é definitiva ao planeta, e tudo aquilo que pareceria natural, ganha, com sua ação, outras dimensões e sentidos. Portanto, ainda que criadores, os humanos são também destruidores daquilo que os cerca. Está na distância entre tais percepções a condição maior para que o viver seja algo mais responsável e, como não afirmar, interessante. Não se trata de nenhuma condição moral, mas do quanto a humanidade pode evoluir rumo ao poético e por ele modificar o todo.
Phia Menard criou um lúdico experimento em que sacolas plásticas ganham formas e presença de personagens, enquanto um performer as auxilia a experimentarem a liberdade de voar. Os ventiladores que mantêm os sacos suspensos ajudam a construir uma narrativa etérea, aonde o espectador é levado a imaginar como seríamos se nos permitíssemos viver estados poéticos para além da condição à qual nos limitamos. Ao som de “A Tarde de um Fauno”, de Claude Debussy, e a relação com o poema homônimo de Mallarmé, o espetáculo transmuta um mero objeto cotidiano em seres de convívio, ao qual não nos damos conta da efemeridade de sua permanência como utilitário, frente à solidão de centenas de anos após abandonado. E vai além, ao construir no olhar a singeleza de nossa própria solidão.
Criada em 1998, por Phia Menard, com o desejo de apresentar um novo olhar sobre o malabarismo, sua encenação e dramaturgia, a Cie Non Nova vem circulando por dezenas de países, sempre com grande reconhecimento de seus trabalhos.