TRADUZIR

Nus, Ferozes e Antropófagos.

por Bel Garcia

Estava em Curitiba com o espetáculo da Cia. dos Atores e aproveitei para assistir o ensaio aberto de uma produção local. Não exatamente uma produção local, já que a peça em questão era um diálogo entre a Companhia Brasileira e o coletivo Jakart/Mugiscué e o Centro Dramático Nacional de Limousin. Um diretor de Curitiba, um “franco-brasileiro” e um francês. Atores brasileiros e franceses.

O espetáculo tão delicioso como um pavê de tapioca com calda de maracujá. Já de início eles trocam de roupa entre si, o que me lembrou os jogadores de futebol que no final de uma partida trocam de camisa entre si em um gesto de admiração mútua. Então, está dada a largada para um série de cenas onde através de clichês hilários acabam trazendo à tona as diferenças e os preconceitos entre uma cultura e outra.

O clímax se dá quando uma atriz francesa descreve em português uma relação de amor usando apenas expressões especificamente brasileiras. É emocionante porque percebemos o esforço da atriz em cumprir este árduo desafio (decorar um texto linear em uma outra língua já é difícil) como se quisesse nos dar este presente, ao final do texto, tarefa cumprida com sucesso, ela é aplaudidíssima e chora copiosamente e nós choramos com ela.

– Se tem alguma coisa que não gosto ?
– Claro! sempre tem …. mas sinceramente não me lembro.

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