Ao encontrar o vídeo “Por favor, ria por um dia” (“Could you please laugh for a day?”), de Antonia Baher, instalado no espaço Oi Futuro Flamengo não pude deixar de lembrar do trabalho do artista Bas Jan Ader intitulado I’m too sad to tell you (algo como “Estou muito triste para te contar”):
A partir daí, pus-me a pensar nestes dois atos – rir e chorar – como uma mesma expressão que pode ser gerada por sentimentos diferentes. É como se o rir estivesse contido no chorar e vice-versa. As lágrimas ocasionalmente surgem durante a gargalhada, assim como podemos notar as mesmas contrações de sofrimento na expressão provocada pelo excesso de riso. Se Bas Jan Ader, a tristeza é focalizada e em Antonia Baehr, privilegia-se o riso, em Hysteria, de Sam Taylor Wood, a indistinção entre extremos aparentes é o motor do trabalho:
Certamente a pesquisa de Baher, que oferece praticamente uma catalogação do rir difere da de Bas Jan Ader que insere seu choro em um contexto biográfico, realizando uma espécie de auto-retrato inconsolável. Entretanto, isolar o rir ou o chorar de suas narrativas e apresentá-los de forma crua, sem fornecer os motivos específicos para ocorrerem acaba por aproximar as duas atitudes de um ponto de vista formal. Ao espectador, é fornecido uma espécie de espelho antecipado, onde, inevitavelmente ele irá sentir-se cada vez mais impelido a reproduzir tais gestos e sons, em um contágio gradativo.
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