A proposta principal do TEMPO_FESTIVAL, estruturado em temporalidades distintas, é ser um acontecimento onde o público tem acesso a atividades de diversas naturezas. Idéias, processos criativos, debates, palestras e mostras de vídeos são articulados no Festival, de modo que as pessoas possam observar, praticar e compartilhar a diversidade e a multiplicidade de manifestações artísticas.
Ué, então o TEMPO_FESTIVAL não é um festival de teatro? Sim e não.
Na realidade, o TEMPO quer ser o palco em que as diversas manifestações artísticas se encontram e se contaminam, exercitando fronteiras e testando os limites. Nesse sentido, ele é menos Festival e mais uma “obra de arte comum“.
Conceito cunhado por Richard Wagner, no meio do século XIX, a “obra de arte comum” seria a ciranda das artes irmãs. Esta Gesamtkunstwerk (termo em alemão) surgiria a partir da integração de todas as artes, resultando em uma manifestação múltipla, heterogênea e coesa, no mais alto grau de perfeição. Este compartilhamento das artes poderia ser visto então no palco, no produto que era a encenação.
No caso do TEMPO_FESTIVAL, pode-se dizer que se trata de um extravasamento da “obra de arte comum” para além da encenação. Isto porque todos os elementos cênicos e artísticos não convergem apenas para uma única manifestação artística, mas assumem diversas orientações e direções, como as fotografias que compõem este post: estão em vários lugares, em performances, espetáculos de rua, processos, palestras, debates e instalações. A convergência estaria (se é que ela pode ser encontrada em algum lugar) na própria estrutura do evento, descentralizado por natureza e que tem como conceito-mote um dos materiais mais caros aos artistas: o próprio TEMPO.
Assim, o TEMPO_FESTIVAL é uma Gesamtkunstwerk, na medida em que permite e agrega sob sua programação a dança de eventos artísticos de inúmeras naturezas, em vários tempos e lugares distintos. No meio desta diversidade, instala-se o objetivo comum: a criação artística.