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Entrevista Handspring Puppet Company

A companhia sul-africana Handspring Puppet Company veio ao Brasil se apresentar na primeira edição da Mostra Internacional de Teatro de São Paulo, a MITsp. Eles apresentaram o espetáculo Ubu e a Comissão da Verdade, uma encenação com bonecos a partir do texto clássico de Alfred Jarry, sob a direção do artista visual William Kentridge.

Em sua passagem pela terra da garoa, os fundadores da companhia – o diretor artístico Adrian Kohler (à esquerda na foto) e o produtor executivo Basil Jones – conversaram com o TEMPO a respeito de algumas ideias que norteiam Ubu e as demais criações do grupo. Confira a entrevista abaixo!

[Sobre homens e bonecos]
Basil Jones: No palco, há uma luta dos atores com a morte. Porque nós nunca realmente sabemos se os atores vão morrer no palco, há esse risco. Por outro lado, os bonecos lutam para viver. Essa luta, tão interessante, é subjacente a qualquer performance que a Handspring Puppet Company realiza no palco… este desafio incrível para transformar um pedaço de madeira em um ser vivo.

Adrian Kohler: E isso é feito por meio da encenação do sangrar, da encenação do ver, da encenação do pensar…

 

[Sobre o texto e as demais linguagens]
Basil Jones: Eu acho que isso realmente expressa o pensamento do boneco. O diálogo que os bonecos dizem, e o texto que os atores estão falando em torno do boneco, são importantes. Mas nós sentimos as emoções dos fantoches, os movimentos dos fantoches, o ritmo de sua respiração… Isso tudo expressa tanto pensamento e sentimento quanto as palavras. Então, de certa forma, podemos dizer que há mais de uma linguagem no palco. Há, claro, a língua que falamos, mas há também a linguagem dos macro-movimentos, a linguagem corporal, a linguagem da respiração, tudo isso são linguagens que normalmente usamos em nossos espetáculos. Algo que nós expressamos muito bem pelos bonecos.

[Sobre o TEMPO]
Adrian Kohler: Você não pode olhar para o boneco por muito tempo. A duração deve ser mais curta. O boneco deve fazer o que tem que fazer em um curto espaço de tempo, porque não está vivendo no mesmo espaço que nós estamos, seres humanos. Então, eu acho que a Handspring Puppet Company trabalha com esse tempo, um tempo mais concentrado. O tempo também tem a ver com a ligação entre pensamentos. As mudanças de ritmo, o ritmo é uma parte do tempo. Não é um fluxo contínuo de tempo, o fluxo faz isso [gesticula variações no ar]. A Handspring Puppet Company cria com isso.

[Vídeo de Kentridge: “Automatic Writting”]

Categorias: Notícias. Tags: Adrian Kohler, Alfred Jarry, Basil Jones, carrossel, Handspring Puppet Company, Mostra Internacional de Teatro de São Paulo e William Kentridge.