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6 Ficções: autores ou personagens?

É quase impossível pensar em Ficção, novo espetáculo da Cia Hiato, sem remeter a Seis personagens a procura de um autor, de Luigi Pirandello. Na obra do italiano, criador (o personagem do diretor) e criatura (os seis personagens) discutem a respeito da representação teatral. Um exemplo clássico de recurso metalinguístico que conduz a seguinte questão: como alguém poderia representar melhor a vida de uma personagem do que ela própria? E mais: como lidar com o passado e a memória?

Já Ficção é um evento teatral composto por seis espetáculos curtos independentes (porém complementares e ressonantes) que mostram-se como resultado parcial das investigações da Cia. Hiato e primeira etapa do processo de criação de um espetáculo futuro: Duas Ficções. Todos os solos têm direção e dramaturgia de Leonardo Moreira, a partir dos relatos e projetos autorais dos atores da Cia. Hiato.

Os seis espetáculos curtos têm, com isso, os nomes do seis atores. Cada um propõe uma leitura de si e de suas memórias. O ato narrativo não rememora apenas. Ele intervém diretamente na realidade: nas peças, as relações afetivas são retomadas, discutidas, reavaliadas e resolvidas. Documentário e biografia se mesclam em uma espécie de reatualização improvável da obra de Pirandello.

No TEMPO_FESTIVAL, será possível assistir às 6 ficções, mediante o passaporte do TEMPO. Elas estão descritas abaixo:

Ficção #1

“Thiago [campos] Amaral”

Thiago Amaral propõe a criação de uma ficção como pretexto para reatar laços com seu pai, após quatro anos sem qualquer contato. Ao executar o projeto criativo de seu pai – “A extinção dos Coelhos Selvagens” – acompanhado dele em cena, Thiago expõe as motivações de uma criação artística e compartilha com a plateia um momento de extrema relevância pessoal mediado pela ficção

Com Thiago Amaral e seu pai, Dilson do Amaral.

 

Ficção #2

“Aline [moreira] Filócomo”

Aline Filócomo expõe uma “pequena enciclopédia de Alines impossíveis”, desvendando os procedimentos usados na criação de uma ficção impossível, revendo os espetáculos que já fez, os espetáculos que sua irmã (também atriz) criou e aqueles que as duas nunca conseguirão fazer.
Aline retoma cenas de um espetáculo idealizado por ela e sua irmã e nunca concretizado, discutindo procedimentos de repetição e ineditismo.

Com Aline Filócomo e sua irmã, Milena Filócomo.

 

Ficção #3

Luciana Paes [de barros]

Luciana Paes questiona a autoria em um processo criativo e colaborativo ao ficcionalizar sua desistência do fazer teatral diante de um projeto artístico inspirado pela artista Frida Kahlo, porém nunca realizado. Luciana mistura sua identidade à sua obra para relatar um projeto inacabado em que realidade ficcional (ou uma ficção real) é criada.

Com Luciana Paes.

 

Ficção #4

Maria Amélia [bethovem] Farah

Maria Amélia Farah relata a transição de filha para mãe, fundindo a experiência da maternidade com a experiência criativa. Ao relatar sua biografia e o contexto cultural que a formou (sua ascendência árabe) e suas tentativas de matar a própria mãe, a atriz evidencia sua própria relação com o fracasso.
Ao falar do fracasso, retoma uma vida abandonada (como dançarina do ventre) e desvenda os motivos de sua desistência.

Com Maria Amélia Farah

 

Ficção #5

Fernanda Stefanski [bernardes]

Fernanda Stefanski expõe, através de fotografias e reconstituições, uma tragédia familiar – o possível suicídio de seu tio – questionando os limites éticos implicados na coincidência entre arte e vida, repetição e impressão, ficção e realidade.

Com Fernanda Stefanski.

 

Ficção #6

Paula Picarelli [ribeiro porto]

Paula Picarelli torna-se personagem de si mesma, propondo dissecar os procedimentos ficcionais de uma entrevista real com ela mesma ou com a imagem ficcional que construiu para si mesma.

Com Paula Picarelli

Categorias: Notícias. Tags: 2º TEMPO_2012, Aline Filócomo, carrossel, Cia. Hiato, Fernanda Stefanski, Leonardo Moreira, Luciana Paes, Luigi Pirandello, Maria Amélia Farah, Paula Picarelli e Thiago Amaral.